O nome Guaxupé possui herança tupi: “axupé” que significa abelhas e “guaxe” oninho. Ou seja, em algumas versões guaxupé é utilizado como ninho de uma espécie específica de abelhas. Outra hipótese para o nome do arraial foi narrada na Revista de Guaxupé, na edição de Exposição do Centenário de 1922, aponta que existia próximo ao arraial a Vila de Casa Branca e a etnia dos tamoios. Com a aproximação e contato com bandeirantes, tropeiros e exploradores os indígenas armaram uma cilada para a comitivaque se aproximava do território. O resultado foi a morte de grande parte do grupo. Conta-se que somente dois membros da comitiva escaparam vivos e retornaram para São Paulo.Ao narrar o acontecido, os sobreviventes contavam que os indígenas possuíam cabelos que os distinguiam um dos outros, o qual na gíria foram chamados de guaxupé. Ou seja,a palavra guaxupé seria um sinônimo para substituir uma espécie de penteado. (FERREIRA, M. C; RIBEIRO, V. V; VALLE, L. E. R, 2004, p.31-33)

A constituição de Guaxupé, até os dias atuais, fez parte do processo de expediçõesde Taubaté, com o objetivo de fazer o reconhecimento territorial da Província de Minas Gerais, no final de 1720. Foi nestas entradas que Antônio Rodrigues Arzão conheceu o Rio Doce, onde foi aos poucos construída a Vila Rica. O contexto era formado pela busca da povoação das regiões auríferas, por portugueses e outros estrangeiros. A Guerra dos Emboabas já era uma realidade na qual os paulistas estavam presentes. Por meio do Rio Grande e Sapucaí os paulistas começaram a entrar na Província de São Paulo em busca de terras para se dedicarem a agricultura e pecuária. No final do segundo império do Brasil já havia a presença de portugueses, italianos, alemães, espanhóis turcos, sírios, libaneses, árabes e no século XX, japoneses. (FERREIRA, M. C; RIBEIRO, V. V; VALLE, L. E. R, 2004, p. 45)

Os primeiros atos de criação do arraial de Dores de Guaxupé ocorreram em 1837.Na Fazenda Nova Floresta, de Paulo Carneiro Bastos, ocorreu a celebração de uma missa pelo vigário de Jacuí. A comunidade local construiu uma capela consagrada a Senhora das Dores, por meio das imediações da capela a população continuou o processo de construção da comunidade. O terreno para fixação da capela foi doado por Paulo CarneiroBastos. (FERREIRA, M. C; RIBEIRO, V. V; VALLE, L. E. R, 2004, p. 44)

Devemos levar em consideração que em decorrência das crenças e práticasadvindas do período de encontro entre portugueses e o território sul americano, ocorreram rituais de fundação tais como os representados em 1837, com a construção da capela e celebração religiosa. Contudo, não podemos descartar as outras vivências existentes nesteterritório anteriores a ratificação da construção vila. Ou seja, a vivência de populações indígenas e habitações de colonos ou indivíduos itinerantes. Portanto, a história de Guaxupé é confirmada como vila em 1837, contudo a historicidade do município é anterior a este período. Podemos compreender mais a partir de estudos arqueológicos e da tradição oral. No entorno da capela foram construídas casas e a população começou aatuar efetivamente na localidade. Hoje o local onde era conhecido por compor o primeiro conjunto habitacional é conhecido como Avenida Conde Ribeiro do Valle.

Em 1853, Dores de Guaxupé foi elevada a distrito. Em 1864 foi promovida a freguesia, fazendo parte da comarca de Jacuhy. Em 1874, Dores de Guaxupé já pertencia a comarca de Jacuhy e ao município de São Sebastião do Paraíso, hierarquicamente. A administração eclesiástica era ligada a Caconde. (ALMANAK, 1874, p. 41-43). Neste mesmo período, de 1874, a localidade era composta por terreno ligeiramente acidentado e eram fechados por matas. Havia a igreja matriz, adornada por duas torres, e estava em processo de construção uma igreja em homenagem a N. S. do Rosário. A freguesia possuía cerca de 180 casas, distribuídas em 7 ruas. Haviam três praças. No ribeirão do guaxupé havia uma ponte construída pelo município de São Sebastião do Paraíso. A comunidade cultivava cana, café, fumo e dedicava-se a criação de gado e suíno para seremexportados para Goiás e São Paulo. Na área do ensino havia uma escola pública de ensinoprimário para meninos. Haviam também as três “aulas” particulares. Na freguesia haviamcisternas para que fosse retirada água. (ALMANAK, 1874, p. 357-358)

Em 15 de maio 1904 os impactos econômicos dos trilhos da Mogiana impactaramo município. A Companhia Mogiana de Estradas de Ferro construiu a Estação Ferroviária de Guaxupé. A Companhia atuava ativamente no escoamento da produção cafeeira de parte das produções do sudoeste de Minas Gerais. O percurso não atuava somente para transportar o produto da colheita do café. O “material humano” também foi feito por meiodos trilhos desta Estação Ferroviária de Guaxupé. Imigrantes italianos e sírios-libaneses embarcavam para Guaxupé. O impacto foi substancial, tanto no aumento populacional quanto econômico da região. O escoamento era feito de Guaxupé para Campinas, depois rumava na Estação Sorocabana até o porto de Santos de onde o café era exportado para outros países. Segundo a tradição oral, na época, Guaxupé era conhecida como “Rio de Janeiro em ponto pequeno”